18 de jul. de 2014

DALÍ: AQUI EM BH

 Obras de Salvador Dalí inspiradas na"Divina Comédia" estão em exposição em Belo Horizonte a partir de 18 de julho 
As 100 gravuras que retratam a obra prima de Dante Alighieri podem ser vistas até 17 agosto, com entrada gratuita, na Academia Mineira de Letras

Belo Horizonte recebe a partir de 18 de julho a exposição "Dalí - A Divina Comédia". Em cartaz na Academia Mineira de Letras até 17 de agosto, a mostra conta com 100 ilustrações do mestre do surrealismo, Salvador Dalí, para uma das principais obras da literatura universal, "A Divina Comédia", de Dante Alighieri
Salvador Dalí (1904-1989) criou uma centena de aquarelas - uma para cada um dos poemas épicos que compõem a obra - entre 1950 e 1960 por encomenda do governo italiano, no âmbito das comemorações dos 700 anos do nascimento de Dante(1265-1321). As gravuras percorrem a viagem imaginária do poeta, desde os círculos infernais, acompanhado por Virgílio, até ao centro da terra, onde encontra Lúcifer. Depois regressando à superfície terrestre, sobe a montanha do purgatório para, guiado pela sua amada Beatriz, ser admitido no paraíso.


(fotos: Márcia Francisco) 

A proposta visual da exposição respeitou a estrutura sequencial dos cantos do Poema Sagrado de Dante. A primeira sala é dedicada ao Inferno, com 34 imagens, um segundo espaço corresponde ao Purgatório, e o terceiro ao Paraíso, com 33 quadros cada. Proveniente de uma coleção privada da Espanha, o acervo de gravuras pretende conduzir o público a uma viagem a partir desse diálogo enriquecedor entre literatura e artes visuais.
A Divina Comédia - Dante e Dalí
Para Dante, homem-síntese da Idade Média, a finalidade da vida humana era buscar o bem e a verdade, que só em Deus se encontravam - a obra seria uma forma de despertar nos homens valores morais e a consciência da redenção.O olhar de Dalí, por sua vez,não fica limitado a uma interpretaçãoliteral da história do texto, mas explora o potencial metafórico das palavras de Dante, que é expandido para um fluxo de imaginaçãopróprio do pintor catalão, que tanto rompe padrões como combina harmoniosamente estilos que vão do classicismo greco-romano aobarroco e surrealismo, criandoseu próprio universo da Divina Comédia.
Dalí pintou as obras e trabalhou por cinco anos em um sistema para que estas pudessem ser reproduzidas mecanicamente. Para issoteve ajuda dos gravadores Raymond Jacquet e Jean Taricco, que fizeram 35 placas com 3500 blocos xilográficos para reproduzir as aquarelas peça por peça. Nos anos 60, as xilogravuras foram publicadas em forma de livro por uma editora francesa ilustrando em seis volumes as obras completas com o texto de Dante.Essa exposição é realizada com o exemplar 283 desse conjunto de ilustrações.
"Dalí - A Divina Comédia", que estreou em julho de 2012no Rio de Janeiro - passando posteriormente por Curitiba, Recife, São Paulo e Salvador -, é uma rara oportunidade de ver o trabalho do artista espanhol, que também retratou outras obras da literatura de autores como André Breton e Miguel de Cervantes ("Dom Quixote"). Se aprofundar mais na poética de Dante, cuja "Divina Comédia" também já foi retratada por mestres como Botticelli, Doré, Bouguereau e Barceló, ajuda a entender a força e a permanência de imagens poéticas presentes no imaginário popular e que tiveram origem na obra do italiano.
A exposição conta com patrocínio da White Martins e apoio da Academia Mineira de Letras.
Dalí - A Divina Comédia
Quando: 18 de julho a 17 de agosto, visitação de quarta a domingo, de 9hàs 19h
Onde: Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia,1466 – Centro)
Quanto: entrada gratuita
Classificação: livre
Informações adicionais: (31) 3222-5764

NOTA ARCO-IRIS GERAIS:
"Aberta na noite de ontem, a exposição "Dali - A Divina Comédia", em cartaz na Academia Mineira de Letras, é imperdível. Obras que, certamente, nós, o público geral, não teria acesso. A forma própria como ele recria aspectos da "Divina Comédia" dantesca, mostra um artista único, muito além da proposta de um simples ilustrador. Um mestre. Assim são os mestres. Olhando a sequência, mergulhada no universo do artista, quase aludi a uma autobiografia. Será? Seja como for, é de emocionar. E, o Olavo Romano brilhando na gestão da AML. A galeria concebida por Gustavo Penna, há anos, finalmente inaugurada. Com louvor. Nós (e a Cultura mineira) agradecemos." (Márcia Francisco, jornalista e escritora - editora Arco-Iris Gerais)

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