2 de abr. de 2017

MANUSCRITOS DE BUENOS AIRES: DESCOBERTA HISTÓRICA E VALIOSA PARA A MÚSICA


Através de importante tese de doutorado defendida pelo
violonista mineiro Fernando Araújo, chegam a público
OS MANUSCRITOS DE BUENOS AIRES:
obras recém-descobertas de Francisco Mignone,
ao lado de Villa-Lobos, Oscar Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri,
um dos maiores compositores brasileiros do século XX
Concerto inédito apresenta o repertório, dia 18 de abril, no Conservatório da UFMG
 
Com entrada franca, no dia 18 de abril, terça-feira, às 20h, o projeto Conexões Musicais apresenta Fernando Araújo e Celso Faria, violões em um programa inédito:“Os Manuscritos de Buenos Aires: obras recém-descobertas de Francisco Mignone”,

OS MANUSCRITOS DE BUENOS AIRES
As obras do compositor, pianista, regente, professor e flautista Francisco Mignone (São Paulo SP 1897 - Rio de Janeiro RJ 1986) -  um dos maiores compositores brasileiros do século XX - chegam a público, graças a defesa da tese de doutorado do violonista Fernando Araujo, em trabalho e apresentação notáveis. Revelação compartilhada exatamente no ano em que celebra-se os 120 anos de nascimento de Mignone. 

“Mignone foi talvez o músico mais completo que possuímos. Compositor de primeira plana, excelente professor,experimentado regente, virtuoso do piano, acompanhador insuperável, hábil orquestrador, notável intérprete da música de câmara,
poeta aceitável, escritor cheio de verve, intelectual de ampla cultura geral, tornou-se uma das figuras mais importantes da história da música brasileira. E possuía esse tesouro inestimável que tão poucos compositores patrícios chegaram a adquirir - métier, um dos segredos de seu sucesso.” (Vasco Mariz, historiador)

Os referidos manuscritos contêm obras para duo de violões escritas em agosto de 1970 e dedicadas ao casal de violonistas argentinos Graciela Pomponio e Jorge Martínez Zárate, que formavam o Duo Pomponio-Zárate. Estas peças permaneciam, com exceção de uma (Lundu), inteiramente desconhecidas e ignoradas pela comunidade musical e acadêmica no Brasil, estando ausentes de todos os catálogos e literatura dedicados à obra de Mignone.

Trata-se, portanto, de pauta valiosa para o apreço de jornalistas atentos ao segmento artístico e musical, professores, músicos, entre tantos que possam perceber a importância significativa de um trabalho que merece ser publicado e, ainda registrado fonograficamente, por Fernando Araújo. Afinal, ainda são raras as oportunidades de fácil acesso a conteúdos de teses úteis e atemporais.


“A descoberta de uma coleção como essa é como a descoberta de um novo “jardim de veredas que se bifurcam”. A riqueza da arte se abre à coexistência de inúmeras visões, versões e interpretações, no que posso vislumbrar como a materialização do sonho delirante de Ts’uiPên, o fictício sábio de Borges: a coexistência de “tempos que se aproximam, se bifurcam, se cortam ou secularmente se ignoram” através das inúmeras possiblidades oferecidas pela obra de arte em interação com a criatividade do performer.
Espero que a divulgação desses manuscritos estimule o aparecimento de outros exploradores.”
(Fernando Araújo)

O evento acontece no Conservatório da UFMG (Av.. Afonso Pena, 1453 – Centro – MG – 31 34098300). As cortesias serão disponibilizadas por ordem de chegada. A retirada das cortesias acontece a partir das 19h30, no saguão principal do Conservatório UFMG.

O PROGRAMA:
Duo de violões – Fernando Araújo e Celso Faria
Francisco Mignone (1897-1986)
Os Manuscritos de Buenos Aires (1970) (Edição: Fernando Araújo)*
- Quatro Peças Brasileiras:
1. Maroca
2. Maxixando
3. Nazareth
4. Toada
- 1ª Valsa Brasileira
- 2ª Valsa Brasileira
- Canção
- Lundu

Solo de Celso Faria
Heitor Villa-Lobos (1887-1959):
- Valsa-Choro
Carlos Alberto Pinto Fonseca (1933-2006):
- Estudo nº 2
Aníbal Augusto Sardinha (1915-1955):
- Festival Ary Barroso

Solo de Fernando Araújo
Francisco Mignone:
- Valsa Brasileira Nº 9, em Lá bemol menor
- Estudo Nº 5, em Lá menor
- Estudo Nº 3, em Sol maior

*Obras para duo de violões do Acervo “Martínez Zárate”, pertencente ao Instituto Nacional de Musicologia “Carlos Vega”, Buenos Aires.

A PESQUISA
“Dejo a los varios porvenires (no a todos) mi jardín de senderos que se bifurcan.”
(Jorge Luis Borges, Ficciones)

Através de vasta e consistente pesquisa, cuja defesa denotou sensibilidade em conteúdo e escrita acerca dos documentos recém descobertos, Fernando Araújo, que abriu seu trabalho em uma feliz e sutil analogia metafórica com frase de Jorge Luis Borges, abordou o tema segundo três linhas principais de investigação: aspectos musicológicos, interpretação e edição. Soma de conhecimento técnico, experiência no âmbito acadêmico e, uma linguagem consciente para compreensão e apropriação da informação em outras vertentes. Olhar atento e consideração histórica respeitável, porém, igualmente, viável à inspiração, por exemplo, relacionada ao exercício das atividades de edição musical, eventualmente, consideradas através dos tempos. 


Na banca examinadora do exame de doutorado, unânime em reconhecimentos a Fernando Araújo:  o Prof. Dr. Fausto Borém de Oliveira – UFMG (orientador e que, em uma visita ao Instituto Nacional de Musicología “Carlos Vega”, em Buenos Aires, descobriu os manuscritos de Mignone, objetos da tese de Fernando Araújo), a Prof. Dr. Silvina Luz Mansilla – UBA (Universidad de Buenos Aires – Argentina) – participação em língua pátria, via Skype, o Prof. Dr. Daniel Wolff – UFRGS, o Prof. Dr. Guilherme Caldeira Loss Vincens – UFSJ e o Prof. Dr. Oiliam José Lanna – UFMG. 


“Essa tese vem para preencher uma lacuna em um tema que, a meu ver, tinha uma necessidade latente - os manuscritos de Buenos Aires. (...)
O alcance e a consistência de conteúdo estão perfeitamente definidos e as conclusões constituem contribuições e aplicações bastante fortes e concretas.”  (Prof. Dr. Silvina Luz Mansilla – UBA – Universidad de Buenos Aires – Argentina)

FERNANDO ARAÚJO
Natural de Belo Horizonte/MG, Fernando Araújo é Bacharel e Doutor em Música pela Escola de Música da UFMG e Mestre em Música pela Manhattan School of Music de Nova York.
Fernando Araújo obteve, entre outros, o Prêmio Turíbio Santos no II Concurso Internacional Villa-Lobos e o 1o. Lugar e Prêmio de Melhor Intérprete de Villa-Lobos no II Concurso Nacional Villa-Lobos. Foi vencedor, com o soprano Mônica Pedrosa, do XX Artists International Auditions em Nova York, tendo o duo se apresentado no prestigioso Carnegie Recital Hall.
O violonista apresentou-se em diversas cidades dos EUA, Europa e Brasil. Atuou como solista com várias orquestras, dentre elas a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. Tem sido convidado a participar como jurado em diversos concursos, dentre eles o Concurso Julián Arcas, na Espanha.

Lançado pelo selo Karmim, o CD ‘Universal’, no qual Fernando Araújo interpreta obras de Villa-Lobos, Piazzolla e Garoto, foi muito bem recebido pela crítica especializada. Recentemente, lançou, com a cantora Mônica Pedrosa, o CD ‘Canções da Terra, Canções do Mar’, no qual o duo interpreta seus arranjos de canções de compositores eruditos brasileiros. O violonista é um dos músicos destacados no documentário “Violões de Minas”, escrito e dirigido por Geraldo Vianna.

Fernando Araújo é Professor Adjunto da Escola de Música da UFMG. Buscando fomentare divulgar o violão em sua riqueza de possibilidades, vem se dedicando também à criação ecoordenação de eventos, tendo dirigido as duas edições do Concurso de Violão José Lucena Vaz, realizados em Belo Horizonte. Atualmente coordena, juntamente com osviolonistas Juarez Moreira e Aliéksey Vianna, o Festival Internacional de Violão de BeloHorizonte, evento que, já na sua oitava edição, é reconhecido como o maior e mais importante do gênero no Brasil.

CELSO FARIA
Nascido em Passos (MG) no ano de 1979, Celso Faria iniciou seus estudos musicais de maneira autodidata aos dez anos de idade. Em 1994 ingressou no Curso de Formação Musical, da Escola de Música da UFMG, estudando na classe do professor José Lucena Vaz. Obteve o título de bacharel em violão na mesma instituição sob a orientação do professor Fernando Araújo. É especialista em Música Brasileira - Práticas Interpretativas - pela Universidade do Estado de Minas Gerais e Mestre em Performance Musical pela Universidade Federal de Minas Gerais. Celso também foi aluno de violão de Beto Davezac na Fundação de Educação Artística (Belo Horizonte) e de música de câmara de Norton Morozowicz na UERJ (Rio de Janeiro).
Celso Faria obteve várias premiações, dentre elas: menção honrosa no “VII Concurso Nacional de Violão Souza Lima” (São Paulo, 1996), vencedor do “IX e XIV Concurso Jovens Solistas” da Escola de Música da UFMG (Belo Horizonte, 1998 e 2004), vencedor do “III e IV Concurso Jovem Músico BDMG” (Belo Horizonte, 2002 e 2003), vencedor do “Concurso Bianca Bianchi” (Curitiba, 2003), vencedor do concurso “Música da Universidade para a Comunidade” (Belo Horizonte, 2003), vencedor do “I Concurso Furnas Geração Musical” (Belo Horizonte, 2004) e semifinalista do “II Concurso de Violão Fred Schneiter” (Rio de Janeiro, 2005).
Com um repertório que se estende desde o período renascentista até o século XXI, Celso Faria tem se apresentado nas mais importantes cidades brasileiras, seja como recitalista de violão solo, integrante em formações camerísticas ou ainda como solista orquestral. Celso gravou diversos programas de rádio e televisão e foi responsável também por várias primeiras audições. Na sua produção fonográfica/audiovisual, destacamos: Romencero Gitano, com o “Coro Madrigale” (selo independente); “100 anos de Arthur Bosmans” (selo “Minas de Som”); e o dvd que acompanha o livro “Caminhos, encruzilhadas e mistérios” de Turíbio Santos (selo “Artviva”).

CONEXÕES MUSICAIS
O projeto Conexões Musicais é uma série de concertos que acontece desde 2014 no Conservatório UFMG, com apresentações de artistas conceituados de Belo Horizonte e de outras instituições e estados.

CONSERVATÓRIO DA UFMG
O Conservatório UFMG é um espaço cultural, localizado em área nobre da cidade de Belo Horizonte. O prédio foi construído em 1926 para abrigar o Conservatório Mineiro de Música, que passou a integrar em 1962 a Universidade Federal de Minas Gerais oferecendo à cidade de Belo Horizonte um curso de música de nível superior. A partir de 1972 o Conservatório Mineiro de Música recebe o nome de Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, permanecendo, porém, o seu nome original na fachada do prédio. O prédio, tombado como patrimônio arquitetônico de Belo Horizonte pelo IEPHA e pela Secretaria Municipal de Cultura, teve as características originais de sua construção recuperadas, tornando-se um espaço requintado e apropriado à realização de eventos.
Entre os anos de 1996 e 2000, o prédio foi restaurado pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa/Fundep, permanecendo sob sua administração até o ano de 2000. Atualmente, o Conservatório UFMG integra a Diretoria de Ação Cultural/DAC, juntamente com o Centro Cultural UFMG, a Fundação Rodrigo Mello Franco e o Espaço UFMG do Conhecimento.

CONEXÕES MUSICAIS
Fernando Araújo e Celso Faria, violões
“Os Manuscritos de Buenos Aires: 
obras recém-descobertas de Francisco Mignone”
18 de abril, terça-feira, às 20h
Conservatório da UFMG
Av.Afonso Pena, 1453 – Centro – MG – 31 34098300
ENTRADA FRANCA
cortesias disponíveis a partir das 19h30, no saguão principal do Conservatório UFMG

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