16 de jan. de 2013

ANTONIO PAGÉS EM BH

O ex-diretor de futebol do F. C. Barcelona esteve na capital mineira, onde falou sobre futebol e arte
















(foto: Márcia Francisco)

Belo Horizonte teve a honra de receber, na terça 15 de janeiro, em audiência para cerca de 30 pessoas, na expressiva Academia de Idéias, de Alexandre Michalick, palestra especial de Antonio Pagés, ex-diretor de futebol do F.C. Barcelona. Pagés falou sobre suas duas paixões: futebol e arte.

Expoente da gestão futebolística mundial, anos à frente do Barcelona, seu amor de time, o catalão Antonio Pagés, que domina seis idiomas revelou-se um apaixonado pelo Brasil. Há anos, visita a terra ao qual afirma que pela diversidade e beleza deveria chamar-se “Brasiles”, porque contém muitos Brasis. Pagés citou amigos, entre eles, o anfitrião belo-horizontino consultor Ivan Trilha, lá presente, ao qual reverenciou com muito respeito.

Pagés foi o responsável, entre outros respeitáveis feitos, pela contratação, no Barcelona, de jogadores brasileiros como Ronaldo, fenômeno; Romário, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho, esses quatro erres são só uma ponta da visão de sucesso consciente deste mestre que conhece e nos revelou histórias da filosofia clara que faz do Barça o time e a marca que é, reconhecido internacionalmente, sem distinções de opinião. Citou Pelé e Messi, como os maiores jogadores do mundo, Messi, em sua opinião o maior, aliás “o único jogador a ganhar 4 bolas de ouro”, falou de jogadores e outros diretores da trajetória do Barcelona e afirmou “A virtude principal desta escola é aprender a jogar futebol do jeito que joga o Barça, estudar, ter disciplina e aprender a amar o clube, máximo representante nacional do povo catalão, lembrando que há 300 anos a Catalunia era um pequeno país fora da Espanha. Vocês já eram brasileiros e nós ainda não éramos espanhóis”.

As histórias contadas por Antonio Pagés, surpreenderam o público pela grandiosidade, mas, mais ainda pela verdade contida nas palavras do ex-diretor do Barcelona. Oriundo de família humilde, teve sua vida firmada em muito trabalho. Sua paixão pela arte veio, durante uma visita na infância, à casa de uma família abastada, onde pôde ver quadros na parede e perguntou a ela: “porque só temos estampas e selos, o que é preciso para ter isso?” Ficou encantado. Ali começaria seu espólio. Primeiro, adquiiriu quadros de pintores ‘pequenos’, a preços baixos, seguiu trabalhando, sonhando, vivendo, colecionando. A coleção de arte de Antonio Pagés conta com mais de 600 obras de arte e inclui nomes como Salvador Dali (do qual foi amigo pessoal, por décadas, até a morte de Dali), Miró(declarado seu pintor favorito), além dos baianos Mário Cravo Júnior, Menelaw Sete e Bel Borba, sobre o qual declarou: “Bel Borba será nas próximas décadas o artista de maior expressão internacional”. Pagés recordou seus “erros” e “perdas” como colecionador, as obras que deixou de comprar, mas, afirmou: “não me prendo às denominações da arte através dos tempos – cubismo, surrealismo, etc) – sou uma pessoa simples que gosto dos meus quadros. Compro o que gosto.”

Ao lado do futebol - que domina com primazia, falou com convicção prevendo futuros campeões, citou jogadores e até expresseu seus conselhos à valores como nosso Neymar, para que não se perca de seu talento, no mundo amplo e mesmo instável do futebol – ao lado do futebol está a arte sua outra paixão. “O jogo de futebol passa e a gente esquece, o quadro é para sempre”, disse. No entanto, não foi isso que revelou em sua palestra: sua memória é valiosa, ouvi-lo é um privilégio, enciclopédia viva que merece registros infindáveis. Sobre artes plásticas, já escreveu três livros, que venham outros tantos nas duas vertentes.

Antonio Pages, espiritualizado que valoriza nossa terra também pela diversidade e abertura no sincretismo, tem olhar à frente do seu tempo, sabe e falou, do Brasil o que lhe falta para o sucesso – genérico é pós Copa e Olimpíadas – olhar que passa por aspectos da cultura e segurança. Vê a Europa como única, embora diversa, com crescimento ampliado a partir de sua unidade e ainda arrisca: capital Berlim, cidade onde aos 17 foi para estudar alemão. Na alemanha participou da construção da maior marina do mundo com 6 mil pontos de amarras e 30km de canais navegáveis, com a água do mar Empuriabrava. Lá, construiu, entre condomínios e casas, cerca de 2 mil unidades.

Tería muito para falar de Pagés. Mas, encerro, dizendo que o Brasil abre e deve abrir suas portas para recebe-lo sempre, pois, ao lado do gestor de sucesso no futebol, este colecionador de arte e ser humano de sensibilidade tocante e inspiradora, nos revelou, na simplicidade, a sua maestria.

(por Márcia Francisco, jornalista e escritora)

(esq/dir:Alexandre Michalick, Antonio Pagés, Márcia Francisco e Ivan Trilha)

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