28 de abr. de 2011

GALPÃO ESTRÉIA "TIO VÂNIA EM BH












 Às vésperas de completar trinta anos de existência, o Grupo Galpão apresenta “Tio Vânia (aos que vierem depois de nós)”, de Anton Tchékhov, com direção de Yara de Novaes. A nova montagem estreiou nacionalmente em Curitiba, em abril, lotando as três apresentações no Festival de Teatro, um dos mais importantes do país. “Tio Vânia” estreia em Belo Horizonte no Galpão Cine Horto e fica em cartaz até 12 de junho.

Desde o princípio de 2010, os atores do Galpão se envolveram na leitura de peças dos mais diferentes gêneros, épocas e procedências. Buscavam uma dramaturgia que permitisse ao grupo um mergulho radical no trabalho do ator. Ao mesmo tempo, esse texto deveria expressar as aspirações individuais e coletivas de seus componentes. Alguma coisa deveria retratar a maturidade do grupo, que completa 30 anos de existência em 2012.
Foram investigadas, entre inúmeras outras, algumas obras contemporâneas relacionadas a Tchékhov – adaptações de suas peças, abordagens de sua vida privada. Essa aproximação apontou o desejo de reler coletivamente os textos originais do grande autor russo. O grupo já havia mergulhado na obra de Tchékhov em 2008, quando foi dirigido por Enrique Diaz no processo de criação de “As três irmãs”, registrado por Eduardo Coutinho em seu documentário “Moscou”. Para os atores, reencontrá-lo foi mais que um prazer, uma revelação. Naquelas palavras, naquelas situações, naqueles conflitos, eles descobriram uma resposta oportuna às circunstâncias de sua maturidade pessoal. Chegara o momento de o Galpão montar Tchékhov. E assim foi escolhido o “Tio Vânia”.
A peça, ambientada em uma decadente propriedade rural russa, no final do século XIX, aborda, de maneira profunda e delicada, o amor, o desejo, a passagem do tempo, o declínio físico, a aridez da existência, o desalento, a aniquilação dos sonhos. E inclui, surpreendentemente, uma mensagem atravessada de fé. Proclama a necessidade de se pavimentar um caminho por onde as futuras gerações possam alcançar um mundo mais generoso, mais justo e mais feliz. Um texto que esmiúça a alma de tantos personagens desiludidos e vê o presente com desencanto e frustração, também trata da esperança e da coragem de se projetar o futuro.
O convite à diretora Yara de Novaes, expoente da mesma geração teatral que identifica a maioria dos integrantes do Galpão, foi quase uma consequência natural da postura assumida pelo grupo. Pesquisadora constante e incansável da natureza e da razão de ser do teatro, Yara vem experimentando, ao longo de sua carreira como diretora, respostas a novos e velhos questionamentos que a arte cênica constantemente propõe.
Envolvidos com os ensaios de “Tio Vânia” desde outubro do ano passado, os atores do Galpão mergulharam fundo na poesia e na contundência do texto de Tchékhov. E, cada vez mais, reconhecem, na trama e nos diálogos dos personagens daquela fazenda russa, a angústia, os anseios e dúvidas, deles mesmos e de seus contemporâneos, diante da banalidade da vida e do caminho irreversível para a dissolução.
Para o Galpão e para Yara, “Tio Vânia” representa, acima de tudo, a busca por um teatro que reflita e revele os sentimentos comuns do ser humano com relação a temas tão presentes e pessoais quanto universais e permanentes.

"Tio Vânia (aos que vierem depois de nós)”
Peça escrita em 1897 por Anton Tchékhov, “Tio Vânia” tem como tema central a perda inevitável das ilusões e a consequente necessidade do homem de se reinventar e de enfrentar o futuro.
Vivendo numa propriedade rural, Vânia, o protagonista, descobre, com quase cinquenta anos, que até então desempenhou um papel secundário e irrelevante na vida. Essa constatação ocorre quando o Professor Serebriákov, viúvo de sua irmã, deixa a cidade para viver na fazenda com sua nova esposa, a jovem e atraente Helena. O novo morador, até então um mito, não só para Vânia, mas para toda a família, acaba revelando, com a proximidade, seu verdadeiro caráter: um homem arrogante e um intelectual medíocre.
A chegada do casal altera completamente a rotina da casa. Não só pela prepotência do Professor, mas também pela perturbadora presença de Helena, que incendeia a imaginação de Vânia e atrai irresistivelmente o Dr. Ástrov, um médico amigo da família, com ideias originais com relação ao futuro da terra, e objeto da paixão de Sônia, sobrinha de Vânia e filha de Serebriákov. Atormentada entre o desejo e o sentimento de culpa, Helena acaba seduzida por Ástrov sem, contudo, se permitir realizar sua paixão.
Obra prima da dramaturgia de todos os tempos, fonte inesgotável de remontagens e novas leituras, “Tio Vânia” privilegia, sobre uma paisagem de frustração e tédio, a investigação sobre a coragem e a esperança.
Ministério da Cultura e Petrobras apresentam:
Grupo Galpão em
“Tio Vânia (aos que vierem depois de nós)”
Direção: Yara de Novaes
28 de abril a 12 de junho de 2011
Quinta a sábado – 21h
Domingo – 19h

Local: Galpão Cine Horto
Rua Pitangui, 3613, Horto
Ingressos  à venda na bilheteria do Teatro. Informações adicionais: (31) 3481 5580
VISITE: http://www.grupogalpao.com.br/

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