14 de set. de 2012

JORGE FORBES EM BH


Sempre um Papo apresenta
Jorge Forbes 17/09, segunda-feira, às 19h30
no Teatro João Ceschiatti do Palácio das Artes
Lançamento e debate do livro “Inconsciente e Responsabilidade – Psicanálise do Século XXI”

A publicação não traz soluções prontas e padronizadas, tais como os livros de autoajuda almejam ou as mensagens pregadas hermeticamente pelos bispos e pastores que invadiram os canais de televisão. “As mídias sociais são a maior prova desse mundo onde nos arriscamos a cada segundo. Em 140 caracteres temos que enviar um pensamento nosso, um sentimento, uma angústia, uma percepção e não há como voltar atrás. O mundo é sem garantias, a favor ou contra. Por isso não se aplicam mais os discursos padrões”, diz.

Para Jorge Forbes, o homem contemporâneo perdeu a sua bússola, já que não existe mais um norte certo e comum para todas as pessoas. “Perdemos a referência das coisas e temos que abandonar a ideia de que a nossa ação possa se basear em uma razão garantidora. A vida é risco para quem não queira ser genérico, plastificado, irrelevante”, esclarece o autor. O livro é tema de reflexão para todos aqueles que sentem que no mundo atual nada é mais como já foi um dia. “Não se nasce, se educa, se ama, se casa, se constitui família, se trabalha e se morre como antes”, conta. O psicanalista vai além: “Hoje, vemos casos em que as pessoas alegam que foi o inconsciente que a fez agir de tal forma, que ele estava fora de si. Ela pode não ter culpa, mas é responsável pelos seus atos”.

“Inconsciente e Responsabilidade – Psicanálise do Século XXI” é uma obra para ser aplicada nos consultórios por psicanalistas ou estudada por universitários da área. No entanto, apesar de originar-se de uma tese de doutorado, também é livro de provocações para um jurista, um sociólogo, um antropólogo. “O jornalista, o educador, o empresário podem encontrar aqui insights de compreensão do novo laço social em que vivemos. Enfim, é para quem almeja encontrar soluções não em fórmulas padronizadas de qualidade de vida, mas sim na responsabilidade por uma vida qualificada”, conclui.

“[...] O inconsciente do qual vamos tratar é aquele que leva o ser falante a responsabilizar-se pela invenção de seu estilo singular de usufruir de seu corpo e de sua vida. No discurso da psicanálise difundida nos meios de comunicação, responsabilidade e inconsciente não são termos que aparecem conjugados, chegando a ser considerados excludentes. Assim, a responsabilidade estaria associada à consciência plena e onde houvesse inconsciência não poderia haver responsabilidade. Diante de um ato que cometeu – voluntária ou involuntariamente – e sobre o qual estranha a própria participação, é comum a pessoa dizer: ‘Só se foi o meu inconsciente’. No século xxi, o psicanalista que acredita no inconsciente irresponsável não trata o sintoma e não cura. É urgente considerar a responsabilidade pelo que é inconsciente, pois já não podemos mais contar com as ficções – tais como a do mito paterno – que, até o século passado, nos permitiam escapar, dizendo: ‘Foi por causa de papai’. Também a clínica psicanalítica, por essas mesmas razões, atravessa um novo momento. […]” - Trecho da Introdução

Jorge Forbes é psicanalista e médico psiquiatra, atuante em São Paulo, curador e conferencista do Café Filosófico da TV Cultura. Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo. Doutor em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Psicanálise pela Universidade Paris. É um dos principais introdutores do ensino de Jacques Lacan no Brasil, de quem frequentou os seminários em Paris, de 1976 a 1981. Teve participação fundamental na criação da Escola Brasileira de Psicanálise, da qual foi o primeiro diretor-geral. Preside o Instituto da Psicanálise Lacaniana e o Projeto Análise (www.projetoanalise.com.br). Dirige a Clínica de Psicanálise do Centro do Genoma Humano da USP. Tem artigos publicados no Brasil e no exterior. É autor, dentre outros livros, de “Você Quer o Que Deseja?”, em que trata de uma psicanálise além do Édipo, própria ao novo homem desbussolado da globalização. É coautor de “A Invenção do Futuro”, em que pensa soluções para viver na era de quebra dos ideais.
mais: www.sempreumpapo.com.br


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