7 de ago. de 2008


GABRIEL GUEDES - UM "TRABALHADOR HONESTO"

1908: há 100 anos, em Riacho de Santana, na Bahia – no dia 06 de agosto - nascia Godofredo Guedes. Ele, o Gegê, era filho de sanfoneiro e seguiu os passos do pai. Um dos grandes compositores brasileiros, Godofredo Guedes, que radicou-se em Montes Claros, a partir de 1935, construiu carreira de músico: era clarinetista, violonista e tocava vários instrumentos, muitos confeccionados por ele. Quando, hoje, comemoramos 100 anos de seu nascimento, somam-se mais de cem composições do Gegê, entre sambas, marchas, choros, modinhas, serestas, boleros...

Godofredo era artista das claves e dos pincéis. Desenhista e pintor cravou nas telas paisagens de Minas, construiu sua “Casinha de Palha” e gerou família. Casou-se com Júlia, com quem teve 8 filhos.

Destes, o mundo ganhou Beto Guedes, nascido em 1951, também pelo mês de agosto, pouco mais de 40 anos da chegada do pai, Godofredo.

O Beto da voz e da música do Clube da Esquina e de infinitas outras esquinas, que se desdobram além das fronteiras em céus de brigadeiro e noites com ou sem luar que só ele conhece.

Para mim, Beto Guedes sempre será o seu olhar: daquelas pérolas de jabuticaba – novos tons para sementes de Pequi! – flui um profundo mar de sensibilidade, que nos envolve em melodias intensas geradas pela fascinante musicalidade que inspira sua maestria. Beto é maestro da música em acqua que parece inundar sua existência.

Por volta de 80 anos mais, pós nascimento de Godofredo, por volta de 40 anos da chegada de Beto, o planeta constelou mais cedo, no azul junino que exala as sanfonas e, de Beto, nasceu Gabriel.

Nesta família, parece algo mesmo assim:

“Toda vez que a vida mandar olhar pro céu

Estrela da manhã”, brilha novo lume.

Gabriel veio e trouxe nas veias o sangue azul da música que brota da mesma nascente. Nasceu com “Choro de Pai”, de avô e de filhas. Nítido chorão de natureza e rica elegância.

Gabriel, deixou a música rasgar as partituras do óbvio na composição da vida humana para, simplesmente, tocar e deixar-se tocar pelas cordas do bem. Sua música encontrou ressonância nas partituras do avô, que trouxe à tona e gravou – perto de uns 30 anos após a partida de Godofredo - e não se furta às madrugadas, manhãs ou tardes inteiras dedicadas às rodas de choro, onde for.

06 de agosto de 2008 – Palco do Grande Teatro do Palácio das Artes: cenário de homenagem a Godofredo Guedes – 100 anos.

Uma bela festa reuniu no palco Beto Guedes, Lô Borges, Marina Machado, Paulinho Pedra Azul, Tavinho Moura e Toninho Horta, arrebanhados por Gabriel Guedes, junto à quarteto de cordas, banda e um regional que ainda nos trouxe o talento do irmão de Gabriel, Ian Guedes. Ali, Godofredo foi casa aberta para composições consagradas e temas instrumentais que se apresentavam, igualmente supremos.

Guedes é um clã, mas, daqueles que não se fecha e, sim, escancara as portas nas rodas de música, para nos transportar ao universo do som que envolve a família. Também no palco, trio de luz com a bela voz de Naissa Rajão, esposa de Gabriel, e da forte presença da companheira de Ian, Bianca Luar em coro que se uniu à voz de sua irmã, Clara Maciel, para cantar “Tropeiro” com Beto Guedes.

Os vários timbres que passaram por lá, cantaram Godofredo, Beto e Gabriel, em (todas:) composições atemporais.

Toninho Horta interpretou “Valsa Mineira”, de Gabriel.

De repente dois anjos pularam naquele palco, que já era quase um delicioso quintal mineiro. Eram as filhas de Gabriel Guedes, Júlia e Lira, que pareciam ter saltado das composições homônimas do pai, em notáveis improvisos próprios.

Lira traz a música no nome e ritmo vivo no coração. Um beija-flor.

Como num conto de Guimarães, cada personagem tinha ali seu lugar e seu sabor. Da platéia quase duas mil pessoas se iluminavam com a luz dos intervalos e as cores daquele som.

Godofredo foi comemorado com louvor.

Mas, meu texto hoje é, com respeito e sem substituições,

para um novo Gegê:

Gabriel Guedes.

Não bastasse idealizar e realizar o show – reservo aqui, louvores à competência do co-produtor Jackson Martins - Gabriel nos presenteou com seu talento, musicalidade, carisma, simplicidade, respeito e excelência.

Lembrando o bailado mágico do pai, antecipando solos e emoções, Gabriel Maestro Guedes regia - pássaro - com dinâmica, presença e determinação consciente, todo o espetáculo. Interagiu com cada artista e público e exercitou sua arte para só aquilatar beleza.

Tocou bandolim, violão, piano, citara, guitarra e corações e gerações de artistas e platéia em indiscutivelmente consagrada missão de luz.

Haviam momentos em que, na sua figura, víamos o jovem Beto, de algum tempo atrás. Ou, imaginávamos o universo cristalino e bem lapidado de Godofredo. Mas, era ele ali: Gegê, o Xexéu. Gabriel Guedes – um “trabalhador honesto”

Que na força saudável da sacralidade do seu exercício, Gabriel se banhe na serena construção de sua música, muito própria e já, essencial.

Márcia Francisco - jornalista e escritora
Belo Horizonte, 07 de agosto de 2008


6º FESTEJO DO TAMBOR MINEIRO


Celebrar a cultura afro-brasileira é o objetivo do “Festejo do Tambor Mineiro”, evento popular realizado há seis anos no bairro Prado, região Oeste de Belo Horizonte. Idealizado por Mauricio Tizumba, nesta edição, o evento traz novidades, tendo sua programação estendida para uma semana, de 11 a 17 de agosto, com roteiro de shows e oficinas. Cerca de 30 guardas de congado e 20 grupos de percussão vindos de todo Estado se reunirão numa grande celebração, cercada de crenças, usos, costumes e fazeres.
11/08, segunda-feira, 19h - Oficina de Bateria com Vera Figueiredo
12/08, terça-feira, 19h - Oficina de Percussão com Robertinho Silva
13/08, quarta-feira, 19h - Oficina de Percussão com Paulo Santos
14/08, quinta-feira, 20H30 - Show Mauricio Tizumba e SIRI
15/08, sexta-feira, 19h - Ensaio aberto Bloco Tambor Mineiro
17/08, domingo, 10h - Festejo do Tambor Mineiro

CONFIRA TODA A PROGRAMAÇÃO NO SITE www.festejotambormineiro.com.br
(FOTO ROBERTINHO SILVA - FONTE SITE FESTEJO)

(clique na imagem para ampliá-la)


TURÍBIO DOS SANTOS
SEGUNDO A PRODUÇÃO DO FESTIVAL BH CHORO E TEATRO MUNICIPAL DE NOVA LIMA, POR MOTIVOS DE SAÚDE DO VIOLONISTA, ESTÁ SUSPENSA A APRESENTAÇÃO DE TURÍBIO DOS SANTOS NO EVENTO. Haverá show especial dos músicos Henrique Cazes (cavaquinho) e Marcelo Magalhães (violão). Informações adicionais: (31) 3332 9176

"PAIS BRILHANTES, PROFESSORES FASCINANTES"
No dia 14 de agosto, quinta-feira, das 19h30 às 22h30, o comentado livro "Pais brilhantes, professores fascinantes", de Augusto Cury é centro do primeiro encontro 2º semestre/2008, no programa Atualização Cultural para Lideranças – Ano XII, promovido pela Academia Cultural – Universidade Complementar do Instituto Orior. Para este encontro, incluido no tema 'Estratégias para a realização pessoal e profissional', a facilitadora é a psicóloga Sheila Couto Nogueira. O evento acontecerá no Conservatório da UFMG (Av. Afonso Pena, 1534 – Centro – BH – MG). As inscrições já estão abertas. A série de encontros vai até novembro, mas, o interessado também pode participar de encontros isolados. A programação completa e informações adicionais podem ser conferidas no site www.academiacultural.com.br ou através do telefone (031) 3297 7428.



CARONA


O quinteto Carona Brasil, formado pelas cantoras mineiras Cássia, Rosana, Ana, Branca e Sílvia, sobe ao palco ao ar livre do Museu Histórico Abílio Barreto (Av. Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim - BH - MG), no próximo domingo, dia 10 de agosto, às 11h30, para brindar o público com dupla dose de Música Popular Brasileira. O grupo presta homenagem aos mestres da época de ouro da MPB e ainda celebra os 50 anos da bossa nova. O show integra a programação do projeto "Domingo no MHAB" e tem entrada gratuita. (FOTO DANIEL MANSUR)